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ARTIGOS & OPINIÕES

A inteligência artificial tem se tornado comum nas redes sociais

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Por  Adriele Rodrigues*

Gerenciar redes sociais (como Instagram, Linkedin e TikTok) não é fácil. Admiro-me quando as pessoas tratam “o cuidar” dessas ferramentas de comunicação como uma coisa simples, do tipo, vamos fazer 30 cards (artes), mais 30 textos neutros e vamos publicar: pronto, gerenciamos a nossa rede social!

Mas quem trabalha com isso sabe que não é bem assim! Muitas pessoas criaram uma necessidade de postar coisas sem conteúdo algum, só para cumprir tabela. A quem estamos tentando convencer ao ter que postar três conteúdos por dia, religiosamente? Na verdade, eu sempre me pergunto isso, esta rede social que gerencio, é para quem?

Responder a essa pergunta é primordial para tocar em frente e conquistar um sucesso com o seu público definido, e vale ressaltar que sucesso não é somente ter seguidores, mas sim interação, repostagens, comentários e clientes! A rede social que você cuida pode não alcançar o “mundo”, mas é importante que ela alcance quem você tanto almeja.

Criamos tantas regras para esse gerenciamento de redes sociais que, eu acredito de verdade, muitos de nós nos perdemos. Com a inteligência artificial, a um clique você cria uma arte, a outro clique, uma legenda, e a mais um clique você anima tudo isso e programa a postagem. Maravilha, mas tudo isso para quem mesmo?

Eu acho que o segredo da rede social hoje em dia não é mais a inteligência artificial (IA), mas sim o humano, a falha, a risada despercebida, as letras que se repetem ao final de uma frase para dar entonação. E não se enganem, isso é muito, mas muito mais difícil de se fazer do que prezar pela estética. Fazer conteúdo “humano”, se assim podemos dizer, exige dedicação.

Vou citar um exemplo que vivenciei: eu sempre faço testes nas redes que eu gerencio, afinal não existe fórmula mágica. Ao testar me dedicar aos posts perfeitos, com filtros que deixam as pessoas todas iguais e com textos de chat que começam com os asteriscos e os tópicos, eu observei uma queda grande na interação.

Na outra semana eu optei por postar conteúdos mais espontâneos, um vídeo engraçado e pouco elaborado, uma foto de uma ação cotidiana, as imagens de uma reunião realizada, tudo com a legenda (copy) bem habitual, do tipo “saca o que está rolando”, “corre pra ver”, “mas tá bonito por demax”. Enfim, resultado? Um alcance melhor, uma entrega melhor, uma interação maior.

Isso é uma crítica à IA? Nem um pouco! Acho que ela está aí para nos ajudar, mas acredito que seja isso, nos ajudar no que temos dificuldades, mas não ser a resposta para tudo. E, ao contrário do que muitos pensam, esse trabalho “manual” exige muito mais tempo, pesquisa, tática e planejamento, mas eu garanto que dá certo ao final.

Outra coisa importante é entendermos que interação em redes sociais importa e muito! Hoje a rede social é a sua vitrine, o seu catálogo, a sua mídia, a sua publicidade, a sua construção de imagem, sem rede social a sua empresa/instituição é uma desconhecida, as pessoas aceitando ou não! Portanto, é imprescindível valorizar a sua rede.

Qual o primeiro lugar em que você pesquisa para saber de algo? A maioria pesquisa na rede social, e aí, quando não a encontra, ou até acha uma rede social um pouco “fria”, logo já desconfia. O fato é, como quero falar com meu público, como alcanço ele nas redes? Tudo isso define a sua linguagem e o andamento de toda a comunicação da sua empresa.

O importante é saber que “brincar” de rede social é seguir as tendências, as trends, os memes, falar diretamente com as pessoas, porque essa é a linguagem esperada para quem acessa essas ferramentas, e como ela é desafiadora! E tudo isso deve ser construído e trabalhado para que converse com o seu objetivo. Um vídeo que virou trend, por exemplo, pode atrair seu público interno e ser uma bela ação de endomarketing!

Portanto, quando pensar em gerenciar redes sociais, pense que esse conteúdo é contínuo, do cotidiano, informativo e leve, muitas vezes até cômico. Basta se perguntar: o que curto nas redes sociais? Eu curtiria a minha página se não fizesse parte dela? Talvez o que precisamos é experimentar mais, conversar mais e nos sentirmos mais próximos para tornar páginas empresariais em personas, afinal, a verdadeira proximidade vem de quem a gente sente que conhece, e não necessariamente de quem a gente acha perfeito!

E você, acha que inserir IA em tudo, padronizar conteúdos e tornar tudo perfeito são atitudes que o novo mercado exige ou isso é apenas um impulso coletivo?

 

*Adriele Rodrigues – Doutora em Comunicação e Mediações Culturais e Assessora de Comunicação

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Judicialização da saúde em Mato Grosso: caminhos e soluções

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Por Guilherme Antonio Maluf e Vitor Gonçalves Pinho
A judicialização da saúde pública ocorre quando cidadãos recorrem ao Poder Judiciário para garantir o acesso a serviços, medicamentos ou tratamentos de saúde que lhes foram negados ou não disponibilizados pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Nos últimos anos, esse fenômeno tem se intensificado, evidenciando desafios importantes na efetivação do direito fundamental à saúde, previsto na Constituição Federal.
Em âmbito nacional, a judicialização da saúde tem afetado significativamente os orçamentos públicos. Estudos indicam que, em 2020, ao menos 13 estados e quase metade dos municípios brasileiros destinaram até 10% de seus orçamentos de saúde para atender demandas judiciais. Em 5% dos municípios, esse percentual variou entre 30% e 100%, comprometendo consideravelmente os recursos destinados às políticas públicas de saúde.
A ausência de previsibilidade orçamentária e financeira ocasionada por essas decisões judiciais dificulta o planejamento dos gestores públicos e compromete a transparência na alocação de recursos governamentais. Essa situação pode levar à execução de uma espécie de “orçamento paralelo”, por meio do qual valores expressivos são direcionados para atender determinações judiciais, muitas vezes em detrimento de ações programadas e coletivas de saúde, previamente aprovadas em lei orçamentária anual pelo Poder Legislativo, no exercício de sua competência exclusiva.

A busca por direitos na área da saúde envolve múltiplos caminhos, desde pedidos administrativos até ações judiciais, sobrecarregando as unidades jurídicas das Secretarias de Saúde, Procuradorias dos Municípios e Estados e Defensorias Públicas. É indiscutível que a judicialização tem se tornado cada vez mais frequente, impondo desafios ao financiamento da saúde pública.

Em Mato Grosso, a Vara da Saúde do Tribunal de Justiça tem registrado um aumento expressivo no número de processos relacionados à judicialização da saúde a cada ano. Dados disponibilizados pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso evidenciam que o número de demandas judiciais na área da saúde avançou de 1.453 em 2022 para 2.270 em 2023, um aumento de 56,22%. Em 2024, esse número atingiu 3.505 processos, representando um crescimento de 54,4% em relação a 2023. Em apenas dois anos, entre 2022 e 2024, o número de demandas judiciais na área da saúde teve um acréscimo alarmante de 141,22% em Mato Grosso.
Dentre os procedimentos de saúde mais ajuizados em Mato Grosso, destacam-se, em primeiro lugar, os referentes à área de Cardiologia/Hemodinâmica e, em seguida, os relacionados à Oftalmologia, Neurologia e Ortopedia.
Para enfrentar esse relevante desafio, diversas instituições em Mato Grosso têm unido esforços. Uma parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso, o Governo do Estado, a Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande, a Defensoria Pública e o Ministério Público resultou na criação da Central de Conciliação da Saúde. Lançada em fevereiro de 2025, a iniciativa visa reduzir a judicialização e otimizar os gastos públicos com procedimentos médicos e hospitalares, promovendo a mediação entre pacientes, gestores públicos e instituições de saúde.
Além disso, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso tem investido no uso de tecnologia para aprimorar a gestão das demandas judiciais de saúde. Em fevereiro de 2025, a Corte de Justiça iniciou testes com uma inteligência artificial especializada em direito da saúde, com o objetivo de agilizar a análise dos processos e proporcionar respostas mais rápidas e precisas às partes envolvidas.
O Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso (TCE-MT) também tem atuado ativamente na busca por soluções eficazes para reduzir a judicialização da saúde. Recentemente, o TCE-MT concluiu um procedimento de solução consensual (mesa técnica) para reduzir a judicialização na saúde mato-grossense e garantir celeridade às demandas relacionadas ao SUS e ampliar o controle sobre os recursos públicos.
Por meio da referida mesa técnica do TCE-MT, foi aprovada a criação de um fluxo mais eficiente para as Representações Pré-Processuais (RPPs) no Centro Judiciário de Solução de Conflitos e Cidadania da Saúde Pública (CEJUSC), como medida para reduzir as demandas judiciais na área da saúde, enfatizando-se a importância de uma atuação integrada entre os órgãos de controle e as instituições de saúde para garantir a eficiência e a efetividade dos serviços prestados à população.
Pensando em soluções úteis à judicialização da saúde mato-grossense, destaca-se que a experiência do Tribunal de Contas da União (TCU) na atuação como perito em processos judiciais, como no caso da Ação Cível Originária 3121/RR, serve de referência para o TCE-MT. Esse tipo de atuação pode contribuir decisivamente para fornecer subsídios técnicos, sob a ótica do controle externo, ao Judiciário, promovendo decisões judiciais com máxima segurança jurídica, orçamentária e financeira para o Estado e Municípios nas questões relacionadas à saúde.
A visão e o caminho adotados são os de que a conjugação de esforços entre o Judiciário, o Legislativo, o Executivo, os Tribunais de Contas, o Ministério Público, os advogados e os usuários da saúde é essencial para assegurar eficácia, eficiência, efetividade, transparência e segurança jurídica na gestão da saúde pública em Mato Grosso. Somente por meio dessa colaboração interinstitucional será possível enfrentar, com esperança e êxito, os desafios da judicialização e garantir o direito à saúde para toda a população mato-grossense.
Guilherme Antonio Maluf é conselheiro do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso e Vitor Gonçalves Pinho é auditor público de Controle Externo do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso.

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Os 90 ANOS do Professor e Jurista Ives Gandra da Silva Martins

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Neste dia 12 de fevereiro, o professor e jurista Ives Gandra da Silva Martins completa 90 anos, marcados pela dedicação ao Direito, à vida acadêmica e ao cenário político, econômico e social brasileiro.

Foto por Andreia Tarelow

Sempre presente em inúmeros debates nacionais (reforma tributária, insegurança jurídica, aborto etc…), é reconhecido pela sua trajetória profissional, por suas várias obras jurídicas, especialmente nas áreas do direito tributário e constitucional, bem como por suas análises e reflexões, amplamente divulgadas na imprensa tradicional, em sites e blogs, por meio de diversos artigos.

Seu currículo é extenso. Advogado, jurista, escritor (autor de 87 livros individuais ) professor, membro da Academia Brasileira de Filosofia, da Academia Paulista de Letras e de outras várias instituições, é professor emérito da Universidade Mackenzie. Formou-se em direito pela Faculdade de Dire ito da Universidade de São Paulo (FDUSP), em 1958, onde também concluiu especialização em direito tributário, em 1970, e em ciências das finanças, em 1971, no tempo em que não havia mestrado no Brasil. Tornou-se doutor em direito pela Faculdade de Direito da Universidade Mackenzie, em 1982. Integra 36 Academias, algumas das quais presidiu e é detentor de dezenas de títulos de “doutor honoris causa”. Tem livros e artigos publicados em 21 países em várias áreas.

Vale destacar sua contribuição como consultor em reformas legislativas e parecerista, influenciando marcos jurídicos relevantes no Brasil. Em 1987, participou de audiências públicas na Assembleia Nacional Constituinte, mantendo permanente contato com Ulisses Guimarães, Bernardo Cabral e notáveis constituintes que redigiram a nossa Carta Magna (1988). Elaborou pareceres decisivos sobre os Planos Collor I e II e sobre o impeachment dos ex-presidentes Collor e Dilma e comentou com Celso Bastos a Constituição brasileira em 15 volumes (em torno de 10.000 páginas).

Rotina profissional diária

Há mais de meio século, inicia seu dia participando da missa. Posteriormente, dedica-se a compromissos em uma das entidades que integra: Fecomercio, Fiesp, Associação Comercial de São Paulo, entre outras, onde participa, como palestrante ou debatedor, de eventos, seminários e congressos que avaliam a atual conjuntura nacional, sempre ao lado de renomados juristas.

É comum receber para almoço em sua residência políticos, autoridades e jornalistas.

À tarde, segue para o escritório, onde encontra colegas advogados, professores e autoridades. Faz sustentações orais nos tribunais superiores, participa de audiências públicas no Congresso Nacional, de bancas de doutorado e mestrado, concede entrevistas, despacha com suas secretárias, grava seu post diário para o Instagram e, quinzenalmente, há 13 anos, grava o programa Anatomia do Poder, transmitido pela Rede Vida de Televisão.

Reflexões sobre o Brasil em 2025

Em artigo recente, o jurista aponta a política econômica como um dos principais desafios do atual governo, destacando: “Entramos no denominado fenômeno econômico da ‘dominância fiscal’, em que nem mesmo uma rígida política monetária é capaz de sustar a inflação.”

Além disso, Gandra debate a crescente polarização política e a insegurança jurídica causada pelo protagonismo excessivo do Supremo Tribunal Federal (STF). “Há um protagonismo maior do Pretório Excelso a favor do Presidente Lula, com invasões de competência do Poder Legislativo e hospedando pautas presidenciais, como de regulação das redes sociais, marco temporal, narrativas golpistas, etc, o que gera uma insegurança jurídica que intranquiliza parte considerável da população.”Nunca colocou em dúvida, entretanto, a competência dos Ministros, a quem admira como juristas, mas diverge como Ministros.

Em outro artigo, “O poder e as narrativas”, no qual menciona o seu livro “Uma breve teoria do poder” (4ª edição – prefaciada por Michel Temer), afirma: “…infelizmente, há uma escassez monumental de estadistas no mundo e um espantoso excesso de políticos cujo único objetivo é ter o poder e, quando atingem seu objetivo, terminam servindo-se mais do que servindo ao povo, pois servir ao povo é apenas um efeito colateral e não obrigatoriamente necessário.”

Legado de uma vida dedicada à família, ao Direito e à Academia
Em sua vida pessoal, o professor é também admirado. Viúvo de Ruth Vidal Gandra Martins, com quem foi casado por quase sete décadas, é pai de seis filhos e avô dedicado. Seus seis filhos, todos bem-sucedidos, incluem Ives Gandra da Silva Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST), Angela Vidal Gandra Martins, ex-secretária da Família no governo Bolsonaro e atual secretária municipal de Relações Internacionais (São Paulo), Rogério Vidal Gandra da Silva Martins, advogado tributarista, atual titular do escritório Advocacia Gandra Martins, Regina Vidal Gandra da Silva Martins Couto, jornalista, Roberto Vidal Gandra da Silva Marti ns autor do livro “Perestroika”, pela Resenha Universitária e “O Aborto no Direito Comparado” pela CEJUP, e Renato Vidal Gandra da Silva Martins, professor titular de matemática pura da Universidade Federal de Minas Gerais.

Ives Gandra é um torcedor apaixonado pelo São Paulo Futebol Clube. É conselheiro e um dos atuais 14 “cardeais” do Tricolor Paulista. É sócio do clube há 80 anos.

Ativo nas redes sociais, especialmente no Instagram, onde possui mais de 500 mil seguidores, posta diariamente análises e comentários sobre o momento político e econômico nacional e internacional, além de fotos que revisitam passagens marcantes de sua vida e de sua carreira.

Às segundas-feiras, faz uma exceção em sua rotina no Instagram para declamar sonetos dedicados à sua esposa, Ruth Vidal Gandra Martins, que faleceu em 2021, aos 86 anos, em decorrência de complicações da Covid-19. Todos os 21 livros de poesia que publicou foram dedicados a ela.

A comemoração de seus 90 anos é uma oportunidade de revisitar seu legado e olhar para o futuro com as reflexões de um dos grandes pensadores do Brasil contemporâneo.

Ives Gandra da Silva Martins – Professor Emérito das Universidades Mackenzie, UNIP, UNIFIEO, UNIFMU, do CIEE/O ESTADO DE SÃO PAULO, das Escolas de Comando e Estado-Maior do Exército – ECEME, Superior de Guerra – ESG e da Magistratura do Tribunal Regional Federal – 1ª Região; Professor Honorário das Universidades Austral (Argentina), San Martin de Porres (Peru) e Vasili Goldis (Romênia); Doutor Honoris Causa das Universidades de Craiova (Romênia) e das PUCs-Paraná e RS, e Catedrático da Universidade do Minho (Po rtugal); Presidente do Conselho Superior de Direito da FECOMERCI O – SP; ex-Presidente da Academia Paulista de Letras-APL e do Instituto dos Advogados de São Paulo-IASP.

 

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