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AGRONEGÓCIO

Abiove quer mudar monitoramento para equilibrar preservação e demandas econômicas

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Na próxima semana, a Moratória da Soja, volta a ser discutida no Brasil. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) anunciou que promoverá uma reunião para discutir ajustes na Moratória da Soja, acordo firmado há 18 anos com o objetivo de impedir a comercialização de soja proveniente de áreas desmatadas na Amazônia após 22 de julho de 2008. A reclamação dos produtores brasileiros é que a moratória desconsidera a legislação local que define o que é desmatamento legal e ilegal, e torna tudo uma coisa só.

Um dos pontos centrais da reunião deverá ser a proposta de alterar a forma de monitoramento da moratória. Atualmente, o controle é feito em nível de fazendas inteiras, o que, segundo alguns produtores, penaliza áreas que poderiam estar em conformidade. A nova proposta sugere uma avaliação detalhada por campo individual, permitindo maior flexibilidade e incentivando o cumprimento das normas sem comprometer a produtividade.

A Abiove destacou que busca um equilíbrio entre a preservação ambiental e as demandas econômicas do setor. Para isso, defende ajustes no modelo atual que fortaleçam a fiscalização e garantam a rastreabilidade da produção.

O debate ocorre em um momento de reações polarizadas dentro do Brasil. No mês passado, o estado de Mato Grosso aprovou uma lei que retira incentivos fiscais de empresas que aderem à moratória ou firmam acordos considerados incompatíveis com a legislação nacional e o Código Florestal.

A medida reflete o descontentamento de produtores que consideram o pacto uma interferência desnecessária, especialmente em um cenário em que as leis brasileiras já impõem rígidos requisitos de preservação ambiental, como a obrigatoriedade de manter 80% das propriedades no bioma amazônico intactas.

Além disso, o Parlamento Europeu aprovou recentemente o adiamento da entrada em vigor da Lei Antidesmatamento, que exigirá a comprovação de que produtos como soja e carne não são oriundos de áreas desmatadas. Essa legislação, inicialmente prevista para 2024, foi prorrogada para dezembro de 2025 no caso de grandes empresas, oferecendo uma janela de adaptação maior para países exportadores, como o Brasil.

O agronegócio brasileiro, frequentemente colocado sob escrutínio internacional, enfrenta o desafio de conciliar a pressão por preservação ambiental com a necessidade de crescimento econômico. Muitos produtores apoiam o cumprimento da legislação nacional, que consideram suficientemente rigorosa para coibir práticas de desmatamento ilegal, ao mesmo tempo que defendem ajustes na moratória como forma de valorizar quem produz de maneira sustentável.

Por outro lado, há um consenso crescente sobre a importância de evitar que barreiras comerciais, como a Lei Antidesmatamento, prejudiquem a competitividade do setor. Para isso, é crucial aprimorar os mecanismos de monitoramento e reforçar a imagem do Brasil como um fornecedor confiável de commodities.

A reunião da Abiove promete trazer à tona discussões importantes para o futuro da Moratória da Soja e sua adequação às novas demandas do mercado global. Com um setor cada vez mais pressionado a demonstrar responsabilidade socioambiental, encontrar soluções que aliem desenvolvimento sustentável e competitividade será essencial para garantir o protagonismo do Brasil no comércio internacional.

Por enquanto, a expectativa é de que os debates tragam caminhos que fortaleçam tanto os produtores quanto a preservação ambiental, sem comprometer a soberania das legislações nacionais nem a viabilidade econômica do agronegócio.

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIO

Safra 25/26 de soja deve crescer, mas doenças ainda impõem cautela

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O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) divulgou nesta semana sua primeira projeção para a área plantada com soja na safra 2025/26 em Mato Grosso. A estimativa aponta crescimento de 1,67% em relação ao ciclo anterior, totalizando 13 milhões de hectares destinados à oleaginosa no estado.

Mesmo com o avanço, o ritmo de expansão é considerado moderado. Segundo análise do instituto, a valorização da soja nos mercados ainda é limitada, o que tem levado muitos produtores a adotar uma postura cautelosa em relação à abertura de novas áreas ou ao aumento expressivo de investimentos.

Entre as regiões mato-grossenses, o Norte e o Nordeste lideram a expectativa de crescimento, com aumento estimado de 3,07% e 3,00% na área plantada, respectivamente. Nas demais regiões, o crescimento foi mais tímido, o que ajuda a explicar a média geral de avanço moderado.

O Imea destaca que o comportamento do mercado nas próximas semanas será fundamental para a consolidação ou revisão dessas projeções, considerando que parte significativa da safra 2024/25 ainda está em fase de colheita ou encerramento de ciclo.

A evolução da área plantada, no entanto, não é o único ponto de atenção para os produtores. As doenças que afetam a cultura da soja continuam sendo fator de preocupação, especialmente a mancha-alvo e a cercosporiose, que vêm se consolidando como os principais desafios fitossanitários no estado.

Dados recentes de instituições de pesquisa agropecuária apontam que, nas safras 2023/24 e 2024/25, essas duas doenças se mantiveram entre as mais severas, independentemente das condições climáticas. O aumento na incidência tem exigido ajustes nos protocolos de manejo e reforço nas estratégias preventivas, incluindo controle químico e escolha adequada de cultivares.

A mancha-alvo, por exemplo, pode causar perdas de produtividade superiores a 30% se não for controlada com rigor técnico. Já a cercosporiose tem se mostrado resiliente tanto em anos de seca quanto de excesso de chuvas, o que reforça a necessidade de monitoramento constante e intervenções adequadas ao longo do ciclo.

Diante desse cenário, técnicos têm reforçado a importância de práticas de manejo integradas, com início ainda no tratamento de sementes e aplicações estratégicas de fungicidas durante os estágios mais vulneráveis da planta. O uso de ferramentas biotecnológicas, a rotação de culturas e a atenção ao histórico de doenças em cada área são medidas recomendadas para mitigar riscos e preservar o potencial produtivo.

Além dos desafios sanitários, o produtor segue atento às condições de mercado, ao câmbio e às políticas públicas que possam influenciar o custo de produção e a comercialização da próxima safra.

Com a safra atual ainda em andamento, o cenário para 2025/26 permanece sujeito a revisões. A combinação de preços, clima, logística e sanidade será determinante para confirmar ou ajustar as expectativas de expansão da soja no maior estado produtor do país.

Fonte: Pensar Agro

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AGRONEGÓCIO

“O agro brasileiro precisa plantar com inteligência, colher com responsabilidade e vender com estratégia”

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Em um cenário global marcado por instabilidade, mudanças climáticas e novas regras comerciais, o agronegócio brasileiro continua sendo um dos pilares da economia nacional. Mas, segundo o presidente do Instituto do Agronegócio (IA), Isan Rezende, o setor precisa se reinventar para manter sua posição de destaque no mundo.

“O agronegócio brasileiro é, sem dúvida, um dos gigantes do planeta quando o assunto é produzir comida, combustível e riqueza no campo. Com tecnologia de ponta, clima que ajuda e muita terra fértil, o setor é forte na produção de grãos, carnes, frutas e biocombustíveis. Mas o mundo está virando de cabeça pra baixo — guerras, disputas comerciais, clima extremo — e isso tudo bate direto na porteira da fazenda”, comentou o presidente do IA.

Rezende diz que o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia, iniciada em 2022, foi um divisor de águas para o setor, especialmente por causa da dependência do Brasil em relação aos fertilizantes importados. Boa parte desses insumos — como nitrogenados, fosfatados e potássicos — vinha da região em conflito. O resultado foi um aumento nos preços e dificuldade de acesso, o que escancarou, nas palavras de Isan, “uma ferida antiga que a gente empurrou com a barriga por tempo demais”.

O presidente do IA lembra que o Brasil importa cerca de 85% dos fertilizantes que consome, e que o momento atual deveria servir de alerta definitivo para a criação de uma política nacional de autossuficiência nesse setor. “Perdemos chances preciosas de fortalecer a produção interna e criar reservas estratégicas. Agora, corremos contra o tempo para não repetir o erro”, afirma.

Mas, como o próprio Rezende reconhece, o conflito internacional também abriu oportunidades. Com a dificuldade de países europeus e asiáticos em acessar produtos do Leste Europeu, o Brasil passou a ser visto como fornecedor confiável de grãos, como milho e trigo. Segundo ele, o setor tem buscado aproveitar esse momento, mas reforça que quantidade não basta. “Não adianta só ser o celeiro do mundo. O mercado agora quer rastreabilidade, sustentabilidade e compromisso ambiental. O Brasil precisa mostrar que está à altura dessa responsabilidade.”

Além do conflito europeu, a postura da China também entrou no radar do setor. Isan observa que o gigante asiático — principal destino da soja e da carne brasileiras — tem sinalizado um desejo crescente de depender menos das importações e mais da produção local. Para o líder do Instituto do Agronegócio, essa mudança exige uma resposta imediata do Brasil: “Temos que abrir os olhos para outros mercados. A Ásia, a África e o Oriente Médio são promissores. Mas cada um deles tem suas exigências específicas. É preciso se adaptar”.

Rezende também comentou sobre as crescentes pressões internacionais por práticas sustentáveis. Ele destaca a nova lei da União Europeia, que proíbe a importação de produtos ligados a desmatamento ilegal. A exigência, segundo ele, não pode ser vista apenas como um problema, mas como uma oportunidade de modernização. “Temos que entender que o mundo mudou. Os consumidores querem saber a origem do que comem. Quem não tiver como provar que produziu com responsabilidade, vai perder espaço”, alerta.

Na tentativa de evitar que essas exigências virem barreiras comerciais disfarçadas, o Brasil tem intensificado sua atuação diplomática no setor agrícola. Rezende cita a atuação em fóruns multilaterais e as negociações com a União Europeia e o Indo-Pacífico como estratégias fundamentais para garantir acesso aos mercados e regras claras. “Não queremos facilidades. Queremos equilíbrio. E mais acordos comerciais que nos protejam de ficar dependentes de poucos compradores”.

Sobre o futuro do agro brasileiro, Isan Rezende é direto: o setor precisa investir em inovação, tecnologias de baixo impacto ambiental, bioinsumos e modernização das práticas agrícolas. Tudo isso, claro, sem comprometer a produtividade. “O produtor brasileiro já demonstrou sua capacidade de superação muitas vezes. Agora é hora de acelerar essa transição. É a única forma de seguir competitivo em um mercado que está cada vez mais exigente”.

Para ele, o recado é claro: o agro vai ter que se adaptar. Investir em inovação, bioinsumos, agricultura de baixo impacto ambiental e tecnologia no campo. Tudo isso mantendo a produtividade e cumprindo com as novas regras do jogo. “O mundo mudou, e não vai esperar. O agro brasileiro precisa plantar com inteligência, colher com responsabilidade e vender com estratégia. Esse é o caminho para continuarmos fortes”, completou Isan Rezende.

Fonte: Pensar Agro

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