Nove escavadeiras funcionando ilegalmente em uma propriedade rural, do município de Vila Bela da Santíssima Trindade, foram apreendidas pela Polícia Civil neste sábado (07.12), durante fiscalização integrada.
Os policiais civis da Delegacia de Vila Bela da Santíssima Trindade em conjunto com a Delegacia Especial de Fronteira (Defron), acompanhados da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), foram até a área para realização de perícia, uma vez que no local há constatação de crime ambiental com grande extensão de área atingida.
Conforme o delegado regional de Pontes e Lacerda, João Paulo Bertê, no final do mês de outubro, após recebimento de uma denúncia anônima indicando a prática ilegal de garimpo na propriedade, os policiais civis foram até a fazenda onde foi verificada a atividade ilícita e apreendidas quatro escavadeiras.
Na ocasião, os maquinários estavam funcionando em diferentes pontos para a atividade garimpeira, incluindo regiões próximas às margens do Rio Sararé, evidenciando claramente os danos ambientais provocados pela atividade ilegal.
Em continuidade às investigações, as equipes retornaram à propriedade no sábado (07), para acompanhar a perícia técnica na região, quando depararam com mais nove escavadeiras hidráulicas trabalhando na movimentação de solo, desmate e destruição do meio ambiente. No local também havia um caminhão carregado com vários contêineres de óleo diesel e uma camionete.
Ao perceber a chegada dos policiais civis, os operadores dos maquinários e o motorista do caminhão fugiram pela mata. Contudo, as ecavadeiras foram apreendidas e serão destinadas ao município, e o combustível Diesel será destinado aos Conselhos Comunitários de Segurança (Conseg’s).
O delegado João Paulo Bertê explica que a apreensão foi realizada para preservar as evidências e garantir o cumprimento da legislação ambiental e penal vigente.
“Foram registrados por meio de fotografias e vídeos o amplo dano ambiental decorrente da atividade garimpeira ilegal, que impactou seriamente a fauna e a flora local, bem como as margens do Rio Sararé. A atuação policial não apenas resultou na apreensão dos equipamentos, mas também na documentação detalhada dos prejuízos ambientais, que são incalculáveis. O levantamento reforça a urgência de ações rigorosas contra práticas ilícitas que ameaçam a integridade do meio ambiente”, destacou o João Paulo Bertê.
O Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA) aplicou R$ 176,4 milhões em multas e prendeu 92 pessoas em flagrante por crimes contra o meio ambiente, em Mato Grosso, em 2024.
As equipes realizaram 104 operações de fiscalização próprias e de apoio às outras instituições, resgataram 1.022 animais, apreenderam 194 quilos de pescado irregular e retiraram 30 tratores de circulação.
No ano anterior, durante às ações de enfrentamento a crimes contra o meio ambiente, foram registrados 288 autos de infração, 256 autos de inspeção, além da assinatura de 221 termos de embargo e interdição e 54 de destruição e inutilização de veículos.
Os policiais militares apreenderam 839 materiais de pesca irregular, entre espinhel, redes, tarrafas e outros apetrechos. Ao todo, 14 embarcações foram detidas e outras 310 vistoriadas.
As equipes apreenderam, no último ano, 3.660 m³ de madeira extraída irregularmente, 28 motosserras, 17 armas de fogo e 133 munições de calibres diversos.
O comandante do Batalhão Ambiental da PM, tenente coronel Fagner Augusto do Nascimento, apontou como produtivas as ações de enfrentamento, combate e preservação ambiental no Estado.
“Essas ações têm sido bastante exitosas graças a integração dos órgãos. Além disso, os importantes investimentos por parte do Governo do Estado, com armamentos, viaturas e recursos tecnológicos, contribuem para uma patrulhamento tático e ostensivo mais preciso, principalmente em áreas de difícil acesso. A Polícia Militar tem um papel importante. Além da capacidade técnica, temos o aparato de segurança necessário para garantir o cumprimento da lei na preservação do meio ambiente”, destacou.
As equipes atuam em operações próprias e em apoio à Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e outras instituições para proteger a fauna e a flora em Mato Grosso.
Equipes de fiscalização da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) deflagraram, neste ano, 298 operações contra desmatamento ilegal e outros crimes ambientais no âmbito da Operação Amazônia. O valor total de multas aplicadas é de R$ 1,6 bilhão entre janeiro e novembro de 2024.
As fiscalizações da Operação Amazônia são planejadas a partir do monitoramento constante das alterações na cobertura da vegetação nativa do Estado de Mato Grosso.
O monitoramento é realizado com o uso da plataforma de imagens Planet e do sistema automatizado de geração de alertas de desmatamento, que é atualizado e disponibilizado semanalmente.
Neste ano, a Sema recebeu 3.877 alertas de desmatamento. Com esses avisos, as equipes entram em contato, por meio de e-mail ou ligação telefônica, com o proprietário da área para que cesse imediatamente o desmatamento, uma vez que ele pode ser responsabilizado de forma administrativa, civil e criminal pelo dano.
A Superintendência de Fiscalização, por meio da Gerência de Planejamento de Fiscalização e Combate ao Desmatamento, planeja a ação remota ou em campo depois de receber os dados, traçar as prioridades, analisar os alertas e identificar as regiões de maior pressão do desmatamento para direcionar as equipes de campo.
“O principal objetivo das operações é cessar imediatamente a infração ambiental. Com o monitoramento por satélite e os alertas de desmatamento, conseguimos identificar as regiões que mais desmatam e traçar estratégias para deflagrar operações contra crimes ambientais nestes municípios”, destacou a secretária de Estado de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti.
O número de operações deflagradas contra crimes ambientais aumentou neste ano em relação a 2023, quando haviam sido 270 operações. As ações são focadas especialmente nos municípios que mais desmatam.
De R$ 1,6 bilhão em multas aplicadas, 59% foram aplicadas no local (in loco) e 41% de forma remota. Além disso, foram embargados 267 mil hectares por desmatamento ilegal e emitidos 4.171 autos de infração.
Neste período, foram apreendidos 112 tratores, 4 retroescavadeiras, 74 esteiras, 24 escavadeiras, 81 caminhões, 23 motos e 1 veículo. Também foram apreendidos 75 motosserras, 11 dragas ou balsas, 22 barcos, 113 motobombas e motores estacionários. A apreensão de madeira totalizou 21,99 mil m³.
As operações de combate a crimes contra a flora ocorrem com equipes formadas por servidores da Sema, tanto da sede como de Diretorias de Unidades Desconcentradas (DUDs), com apoio da Polícia Militar (PM) e do Batalhão de Polícia Militar de Proteção Ambiental (BPMPA).
Operação Amazônia
A operação Amazônia, que integra órgãos estaduais e federais, sob a coordenação da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), tem como instrumentos o monitoramento em tempo real por satélite de todo o território de Mato Grosso, fiscalização contínua no local onde é identificado o crime ambiental, embargo de áreas, apreensão e remoção de máquinas flagradas em uso para o crime e a responsabilização de infratores.
O Estado de Mato Grosso investiu, desde 2020, mais de R$ 350 milhões no combate ao desmatamento e incêndios florestais, o que permitiu dar celeridade no tempo de respostas e aumentar o número de autuações, embargos e bens apreendidos por infrações ambientais.
Fiscalização
A Sema utiliza, além da fiscalização em campo, a Plataforma de Monitoramento da Cobertura Vegetal, que utiliza Imagens de Satélite Planet no combate ao desmatamento ilegal. A ferramenta, contratada pelo programa REM, age de forma preventiva, minimiza os danos, aumenta a celeridade na resposta, facilita a responsabilização e permite o embargo da área de forma imediata por meio do monitoramento diário e alertas semanais de desmatamento.
As máquinas de porte médio, pesado e outros acessórios rurais flagrados na prática de crimes ambientais são removidos do local, efetivando a responsabilização, já que a apreensão de bens promove a descapitalização do infrator.
Denúncia
Crimes ambientais devem ser denunciados à Ouvidoria Setorial da Secretaria de Estado de Meio Ambiente pelo número 3613-7398 e 98153-0255 (por telefone ou whatsapp), pelo email [email protected], pelo aplicativo MT Cidadão ou Fale Cidadão da CGE ou em uma das regionais da Sema.
Quem se deparar com um crime ambiental também pode denunciar à Polícia Militar, pelo 190.